sábado, 14 de maio de 2016

Dia do Fico





Dia do Fico - D. Pedro I

A  expressão,Dia do Fico, deve-se a uma frase célebre de dom Pedro, então príncipe-regente do Brasil, que era na época um Reino Unido a Portugal e Algarves:
Em 9 de janeiro de 1822, D. Pedro I recebeu uma carta da corte de Lisboa, exigindo seu retorno para Portugal. Há tempos os portugueses insistiam nesta ideia, pois pretendiam recolonizar o Brasil e a presença de D. Pedro impedia este ideal. Porém, D. Pedro respondeu negativamente aos chamados de Portugal e proclamou : ""Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto! Digam ao povo que fico".
Porém, para compreendê-la melhor, é necessário conhecer o contexto em que ela foi dita:
Em 1807, com o objetivo de expandir seu poder sobre o continente europeu, Napoleão Bonaparte planejava uma invasão sobre o reino de Portugal, e, para escapar dos franceses, a família real portuguesa transferiu-se para o Brasil, que se tornou o centro do Império português.

A chegada da família real teve um grande significado para o desenvolvimento do país que até então, era uma das colônias portuguesas. A fixação da corte no Rio de Janeiro teve inúmeras consequências políticas e econômicas, dentre as quais devemos destacar a elevação do país à categoria de Reino Unido, em 1815. O Brasil então deixava de ser colônia.

Entretanto, cinco anos depois, com as reviravoltas da política européia e o fim da era napoleônica, uma revolução explodiu em Portugal. As elites políticas de Lisboa adotaram uma nova Constituição e o rei dom João VI, com medo de perder o trono, voltou do Rio para Lisboa, deixando aqui seu filho, dom Pedro, na condição de príncipe-regente.

As cortes de Lisboa, porém, não aprovavam as medidas tomadas por dom Pedro para administrar o país. Queriam recolonizar o Brasil e passaram a pressionar o príncipe para que também retornasse  a Lisboa, deixando o governo do país entregue a uma junta submissa aos portugueses.
A reação dos políticos brasileiros foi entregar ao regente uma lista com aproximadamente  8 mil assinaturas solicitando sua permanência no Brasil. A resposta de dom Pedro foi a célebre frase citada acima. Ela marca a adesão do príncipe regente ao Brasil e à causa brasileira, que vai culminar em nossa Independência, no mês de setembro daquele ano. O Dia do Fico, deste modo, é um dos marcos do processo de libertação política do Brasil em relação a Portugal.

Maria Perpétua - A bruxa da Ilha de São Sebastião



Retrato de Maria Perpétua

Maria Perpétua nasceu em Portugal, em 1790. Casou-se muito jovem, com o escrivão Rodrigues Siqueira, que veio a falecer cedo, deixando-a viúva. Com a morte do marido, mudou-se para o Brasil e casou-se novamente, desta vez com o Sr. Antônio, um oficial militar aposentado, com quem teve um filho. Então, ela foi morar na Ilha de São Sebastião, litoral norte do estado de São Paulo.
Durante sua permanência na ilha, começou a se envolver com o ocultismo e passou a trabalhar como cartomante.
Seus clientes eram, na maioria das vezes, marinheiros de navios mercantes e negreiros que aportavam na Ilha de São Sebastião para se abastecer, e iam até ela em busca de proteção mágica para prosseguir viagem.
Sua fama como feiticeira aumentava cada vez mais, e ela começou a vender amuletos e poções afrodisíacas.
Quem não ficou nada satisfeito com isso foram os moradores da ilha, pois eram radicalmente contra as ações de Maria Perpétua e seu envolvimento com a magia.
Em 1812, ela foi denunciada às autoridades locais e foi aberto um processo contra ela por bruxaria. Entre os denunciantes, estava o capitão Domingos, o comerciante de escravos mais importante da região.
Segundo consta, Maria Perpétua teve um desentendimento com Joana, uma das escravas do capitão Domingos, e jurou vingar-se. Coincidentemente, alguns dias depois, Joana adoeceu e, em seguida, veio a falecer. O capitão Domingos, junto com outros moradores da ilha, deu queixa ao padre do vilarejo acusando Maria Perpétua de ter feito um feitiço para matar a escrava. O governador da capitania de São Paulo ficou sabendo do ocorrido, e deu ordem para que a casa dela fosse investigada. Além de diversos apetrechos de magia, foi encontrada uma orelha humana seca. Por essa razão, foi presa e levada para a cadeia de São Vicente. Mas, como seu marido ainda exercia certa influência na região, ela foi liberada logo em seguida.
Tempos depois, ela foi denunciada por envenenamento e por vários outros casos envolvendo bruxaria.

Em 26 de outubro de 1817, durante uma discussão com o marido, Maria Perpétua levou uma facada e acabou morrendo por hemorragia.
Curiosamente, cinco anos depois de sua morte, o processo contra ela foi reaberto a mando do capitão-mor da Ilha de São Sebastião.